Historial

No ano de 1929, mais concretamente em 29 de Outubro, Armindo Augusto Carvalho, senhor de avultado património no Brasil e em Portugal, empresta à Junta de Freguesia de Salvador a importância de setenta mil escudos (trezentos e cinquenta euros na moeda actual), sem juros e pelo prazo de 20 anos, destinados á aquisição de terrenos para a urbanização na vila de Ribeira de Pena.

Em 1938, elabora o seu testamento nos seguintes termos – “… dos meus bens em Portugal deixo a importância do dinheiro recebido ou a receber do empréstimo feito à Junta de Freguesia do Salvador para, dos meus herdeiros, o mais competente, de colaboração com as pessoas boas e caridosas do concelho de Ribeira de Pena, de harmonia com as respectivas autoridades, fundarem na sede do concelho uma instituição nos moldes e garantias das Casas de Misericórdia, existentes em Portugal, em homenagem ao grande benemérito Francisco Alves Moimenta.”

Em 19 de Junho de 1948, passados portanto dez anos, na Sala de Sessões da Comissão Municipal da Assistência de Ribeira de Pena, foi assinado o compromisso de constituição da Santa Casa da Misericórdia de Ribeira de Pena, tendo sido signatários desse compromisso as seguintes individualidades:

* Mário Navarro de Menezes
* Domingos José Gonçalves
* Abílio Pinto Ferreira
* Pe. Manuel José Gonçalves
* Adélio de Novais Pimenta
* Albino Machado Pereira
* António Canavarro de Valadares
* Carlos Augusto Teixeira de Carvalho
* Domingos Carvalho de Andrade Borges
* Domingos José de Oliveira Ferreira
* Leonardo José Pacheco
* Fernando José da Costa

Não pretendendo fazer qualquer juízo de valor, é no entanto de realçar que os setenta mil escudos dos anos quarenta do século XX seriam, certamente, uma importância muito considerável. Que os signatários do compromisso eram pessoas conceituadas no meio e quase todas de avultados recursos económicos. Que os objectivos do doador Armindo Augusto de Carvalho não foram alcançados, pelo menos nos moldes em que ele conceberia uma instituição da natureza das Santas Casas da Misericórdia existentes em Portugal – e tantas havia já naquele tempo.

Quando em 1978 foi assumida a direcção da Santa Casa da Misericórdia de Ribeira de Pena, a instuição estava precisamente nas mesmas condições que em 1938 ou seja, tinha como património apenas os estatutos, já desactualizados.

Em 1979 foram dados os primeiros passos no sentido de dotar a instituição com os meios físicos e humanos capazes de dar cumprimento aos estatutos, na valência de protecção à infância. Faltava então tudo, terreno, projecto e, sobretudo, meios económicos. O terreno, foi então adquirido pela Câmara Municipal e doado á Santa Casa da Misericórdia; o projecto, foi elaborado pelo Gabinete de Apoio Técnico do Baixo Tâmega. Com a obra comparticipada a 80% pelo Estado, os restantes 20% vieram a ser suportados pela Câmara Municipal. E é assim que nasce o Infantário da Santa Casa, uma obra de raíz, que veio dar resposta às muitas solicitações em termos de guarda e educação das crianças do concelho. Muitas mães viram neste serviço a possibilidade de poderem compatibilizar o seu emprego com a condição de mãe, nem sempre fácil nestes meios rurais.

Faltava então resolver o problema da Terceira Idade, sendo inúmeras as solicitações nesse sentido. Sendo um meio de forte emigração, ficaram na terra os familiares mais carecidos, física e psicologicamente. Eram muitas as pessoas a viverem em casa sem quaisquer condições de alimentação, higiene e de saúde. Houve então que lançar mão de uma estrutura existente, instalações que haviam servido á Escola Preparatória e Secundária. Foi aí que, em condições precárias, foi instalado o Lar e Centro de Dia que, desde essa altura, tem dado resposta, mesmo que precária, às situações mais urgentes da população idosa. Era uma solução de recurso para a qual era necessário encontrar uma resposta rápida e definitiva.

Foi assim que nasceu a ideia, aliás necessidade, do Lar e Centro de Dia. Tal como no caso do Infantário, também a Câmara Municipal do concelho fez doação do terreno necessário em 1997. O projecto foi elaborado pelo Gabinete de Apoio Técnico do Alto Tâmega, tendo as obras sido iniciadas em 1995, estando garantido mais uma vez, o apoio do Estado em 80% dos custos e, da Câmara Municipal dos 20% restantes. Infelizmente, as coisas não correram bem a nível da construção, com a falência de dois dos empreiteiros, cujos processos obrigaram à paragem das obras por um período superior a quatro anos. Nesse espaço de tempo, a legislação sofreu algumas alterações e houve necessidade de reformular o projecto. Neste contexto, foi feito novo concurso para a construção, com o consequente agravamento orçamental e sem a correspondente comparticipação por parte do Estado.

A actual direcção da Santa Casa quando assumiu funções, encontrou as obras paradas há mais de cinco meses, uma dívida ao empreiteiro superior a 850 mil euros. Por isso, não teve outro recurso senão recorrer ao crédito para que os trabalhos fossem retomados. Deste modo, a Instituição vivia neste momento uma situação verdadeiramente dramática ao nível da gestão financeira.

Mas as obras são finalmente concluídas em 28 de Novembro de 2004, tendo custado um total de 2.326.298 Euros. Os nossos idosos passam a poder utilizar umas instalações que, passe a modéstia, são modelares e que albergam as valências de Lar e Centro de Dia, Creche, Pré-escolar e Actividades de Tempos Livres, para além do Apoio Domiciliar.

Não ficando indiferente a outro género de necessidades para a comunidade do concelho de Ribeira de Pena, esta instituição viu-se na “obrigação” de apostar ainda mais numa área extremamente sensível, que é a saúde. Foi portanto, com grande satisfação que no dia 23 de Fevereiro de 2008, foram inaugurados mais dois serviços na Santa Casa da Misericórdia: a Unidade de Medicina Física e Reabilitação e a Unidade de Cuidados Continuados. Esta integração, atende ás dificuldades de mobilidade, à dependência, ao isolamento, à solidão e a outros pontos negros com que o concelho de Ribeira de Pena se tem vindo a confrontar.

É com muito orgulho que vemos Ribeira de Pena dotada de tão modernas e modelares instalações. É com grande sentido de responsabilidade que nos empenhamos em lhes dar vida, garantindo a satisfação dos utentes, das famílias e da comunidade.

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